Abençoados Obstáculos
“Não sabendo que era impossível, ele foi lá e fez”. – Provérbio Oriental.
Sempre que penso em motivação me vem logo à mente uma história contada por Bernardinho, técnico da Seleção Masculina de Vôlei, no seu livro “Transformando Suor Em Ouro”:
Há uma história sobre motivação que eu adoro. É a respeito de um menino negro do Sul dos Estados Unidos que passou um Natal muito triste, porque os pais não tinham dinheiro para comprar-lhe uma bicicleta como a que seus amigos haviam ganhado.
No verão seguinte, o menino conseguiu um emprego temporário como carregador de caixotes numa mercearia. Durante três meses trabalhou duro e conseguiu juntar dinheiro para comprar a tão sonhada bicicleta.
Felicidade total. Até que lhe roubaram a bicicleta. O menino ficou desesperado. Na polícia, ao dar queixa, foi atendido por um sargento que, vendo-o furioso, o encaminhou para o esporte. Mais especificamente para o boxe.
O menino tornou-se lutador. Como amador, ganhou a medalha de ouro dos meio-pesados nos Jogos Olímpicos de Roma e depois, como profissional, o título de campeão mundial dos pesos pesados.
Numa das explicações que deu para seu formidável portfólio de vitórias, ele contou que toda vez que subia ao ringue via no adversário o sujeito que lhe roubara a bicicleta. E partia firme para derrubá-lo. Era isso que o motivava. Seu nome? Cassius Marcelus Clay, depois Muhammad Ali.
Convertendo um “não” em vários “sim”
A bem da verdade, devo dizer que eu me enxergo muito nessa história – já que as minhas duas maiores conquistas no campo da Comunicação (talvez 3, mas essa terceira fica como “o Terceiro Segredo de Fátima”...) foram engendradas a partir de dois grandes impedimentos. Explico:
A primeira aconteceu quando eu estava na Casa Publicadora Brasileira, como um dos seus redatores, e, na ocasião, participei da pauta para a preparação de um número especial da finada – e insepulta – revista “Sinais dos Tempos”.
Na época, após ficar acertado que eu escreveria um artigo sobre a Nova Era, o movimento ganhava força e causava frisson entre as pessoas no mundo evangélico, caí em campo à cata do máximo de informações sobre o assunto.
Pouco depois, fui informado oficialmente de que não seria eu, mas, sim, outro redator – por sinal, um dos meus grandes amigos – a escrever o tal artigo. Como já havia escarafunchado inúmeros artigos e lido centenas de páginas de revistas e jornais sobre o assunto – e não queria jogar tudo isso pelo ralo – resolvi aproveitar o “embalo” e redirecionar os meus esforços.
Resultado: Fugindo “à ordem natural das coisas”, produzi um livro. Depois outro e mais outro. No final, foram três livros – graças a Deus bem recebidos pelo público – em lugar de um artigo. Devo admitir que os números finais, de certa forma, me foram amplamente favoráveis. Inclusive, nessa contabilidade entra uma família inteira de São Bernardo que se converteu devido ao material apresentado no segundo livro.
Como nada fácil tem valor, ao longo da jornada tenho me deparado em várias ocasiões com esse tipo de situação. Sendo assim, a história do site (IASDEMFOCO) que esta semana completa o seu primeiro aniversário, como não poderia deixar de ser, começou a ser construída a partir de outro “não” – silencioso, mas na verdade tão irracional e castrador como tantos outros desestímulos que eu e você recebemos todos os dias.
Depois de ter me colocado à disposição e ter colaborado com alguns sites institucionais, percebi que dois artigos relevantes meus haviam sido “censurados” – sem o mínimo retorno ou explicação. Isso me fez lembrar os tempos de criança em que brincava de futebol nos campinhos de várzea de Gurigica, Vitória-ES (hoje Bairro da Consolação).
Muitas vezes, no clímax da animação, tínhamos que parar o “baba” simplesmente porque o dono da bola havia se chateado com algo e, ato contínuo, havia posto a “redonda” debaixo do braço e ido embora sem dar a mínima explicação. Quando isso acontecia, todos os demais moleques permaneciam no campinho – em “clima de velório”.
No entanto, era só aparecer uma outra bola – podia ser até de meia e “recheada” com pano ou papel velho – que logo a alegria voltava a reinar. Da mesma forma que o “não” – com o confisco da bola pelo proprietário – jamais arrefecia a nossa vontade de jogar futebol, estes “não” no campo literário nunca conseguiram podar o ânimo e, muito menos, cortar a minha paixão pela escrita.
Os colegas do Jornalismo explicam isso com uma frase: “Esta é a minha cachaça!” Como sou abstêmio, prefiro pensar que esta é a minha sina. Prazer. Deleite. Paixão. Minha vida.
Parafraseando Paulo, diria: “Ai de mim, se eu não escrever – tentando contar as histórias mais bonitas, com as informações mais relevantes ao leitor e os pensamentos mais inspiradores que conseguir arrancar da mente e dos outros escritores!”
Artigo publicado no site IASDEMFOCO em 19/12/2008
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