Reflexão sobre o discurso inaugural de Barack Obama
Barack Obama tomou posse como Presidente dos Estados Unidos da América. Um aspecto sempre importante, e não apenas pelo seu simbolismo histórico, é a cerimónia de tomada de posse de um novo presidente. Por isso, Obama, à semelhança de todos os meses da sua campanha, não deixou pormenor algum ao acaso, notando-se uma clara e definida estratégia de acção.
Barack Obama tomou posse como Presidente dos Estados Unidos da América. Um aspecto sempre importante, e não apenas pelo seu simbolismo histórico, é a cerimónia de tomada de posse de um novo presidente. Por isso, Obama, à semelhança de todos os meses da sua campanha, não deixou pormenor algum ao acaso, notando-se uma clara e definida estratégia de acção.
Desde logo, quando se ficou a saber que iria usar no juramento como presidente a mesma Bíblia que Abraham Lincoln tinha usado no seu juramento, décadas atrás. Lincoln, tal qual Martin Luther King, foi uma figura recorrente dos discursos e intervenções de campanha por parte de Obama. Sem lhes fazer uma colagem demasiado exagerada, fez questão de não disfarçar a convergência de ideais e até propósitos com os antigos líderes, face aos particulares e duros desafios que se vislumbram.
Para sustentar ainda mais este facto, veja-se a viagem de comboio efectuada em véspera da tomada de posse desde Filadélfia até Washington, tal qual tinha feito... Lincoln. Ou ainda, anteriormente, o local escolhido para anunciar a sua candidatura à Casa Branca: Springfield, Illinois, o mesmo sítio de um dos mais famosos discursos do abolicionista ex-presidente americano.
Mas, ao contrário do sucedido ao longo da campanha, apenas por duas vezes Obama evocou, e não declaradamente, aquelas duas figuras inspiradoras; Martin Luther King quando referiu 'somos uma nação de cristãos e muçulmanos, judeus e hindus - e não crentes', exibindo assim uma versão moderna da famosa frase do Pastor Baptista negro, na qual este apelava a que 'judeus e gentios, protestantes e católicos' um dia dessem as mãos e cantassem juntos. Abraham Lincoln foi relembrado (pelos mais atentos) quando Obama usou as expressões 'força do chicote' e 'nuvens ajuntando-se e duras tempestades', termos usados na segunda tomada de posse do antigo presidente.
Ao introduzir o ideal fundador da nação americana que 'segundo a promessa de Deus todos os homens são iguais, todos são livres, e todos merecem uma hipótese de perseguir a medida total de felicidade', o novo presidente disse: 'somos ainda uma nação jovem. Mas conforme as palavras da Escritura, chegou o tempo para colocar de lado as coisas da infância'.
Obama referia-se ao texto que Paulo escreveu em I Coríntios 13:11: 'Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino'.
Poderíamos pensar que a Bíblia seria uma forte componente das suas primeiras palavras como líder da maior nação do mundo, mas não; apenas numa outra ligeira referência ao Livro Sagrado se vislumbrou levemente a história de Abraão ao Obama dizer 'quando fomos testados, recusámos terminar a jornada... com os olhos fixados no horizonte e a graça de Deus sobre nós...', no último parágrafo das suas palavras.
Abordando o assunto da defesa nacional, Obama rejeitou como falsa a 'escolha entre a nossa segurança e os nossos ideais'. Esta é uma afirmação forte, que, ao contrário do temido ao analisarmos algumas práticas da presidência anterior, nos pode levar a pensar que valores maiores e supremos tais como liberdade de escolha, de religião e de consciência estão todos assegurados, não importando para o caso as ameaças, sejam de que tipo for (militares, ideológicas, de queda da moralidade), que atinjam a nação americana.
Mas atentemos em pormenor para o desenvolvimento desta ideia. Obama continua referindo que 'os nossos pais fundadores, em frente a perigos que não podemos imaginar, elaboraram uma carta para assegurar a prevalência da lei e os direitos do homem'.
Não, esta carta não é a Carta Universal dos Direitos do Homem das Nações Unidas, uma vez que a frase remete historicamente para os fundadores dos EUA esse mérito e não para os meados do século passado.
Então, qual a alusão que o discurso de Obama faz neste ponto?
No século XVIII, um filósofo inglês que aos 37 anos emigrou para os EUA, escreveu um livro enaltecendo e louvando a Revolução Francesa, intitulado 'Os Direitos do Homem'. Seu nome? Thomas Paine.
Paine foi um revolucionário, inventor e intelectual. Para o caso em questão, importa-nos referir a sua postura deísta, e de apoio e incentivo total ao culto da razão. Além da publicação anteriormente mencionada, o seu mais elogiado trabalho foi o título 'A Idade da Razão', no qual defendeu fortemente o deísmo, atacando por sua vez os valores e doutrinas do cristianismo. Paine foi um dos principais influenciadores da 'Era do Iluminismo', tal qual Benjamin Franklin, Immanuel Kant e Voltaire, entre outros.
O que é mais espantoso, sob o ponto de vista Adventista do Sétimo Dia, é que a própria Ellen White se referiu a Thomas Paine nos seus escritos. Leia-se o seguinte parágrafo extraído do livro 'Primeiros Escritos', página 89: 'Thomas Paine, cujo corpo está hoje desfeito em pó, e que deve ser chamado no fim dos mil anos, por ocasião da segunda ressurreição, para receber a sua recompensa e sofrer a segunda morte, é apresentado por Satanás como estando no Céu, e altamente exaltado ali. Satanás fez uso dele na Terra tanto quanto pôde, e agora está continuando com a mesma obra mediante a pretensão de estar sendo Thomas Paine sobremodo exaltado e honrado no Céu'.
Uma nota de rodapé após este parágrafo, incluída na 9ª edição de 2000, pela Casa Publicadora Brasileira, acrescenta que segundo uma publicação de índole espírita, Thomas Paine habita hoje uma eventual sétima esfera de espiritualidade, enquanto o próprio Jesus está na... sexta!
E se a influência de Paine no discurso de Obama ainda não está provada, vejamos o seguinte.
O novo presidente, quase no final do seu discurso, faz a seguinte citação: 'que seja dito ao mundo futuro... que nas profundezas do Inverno, em que nada além da esperança e da virtude conseguiam sobreviver... que a cidade e o país, alarmados para um perigo comum, saíram para enfrentá-lo'.
Surge como lógica a pergunta: de onde citou Obama estas palavras? Resposta: do ensaio 'A Crise', de Thomas Paine, escrito em 1776, que curiosamente começa com a expressão 'estes são tempos que provam a alma dos homens', também referida noutro ponto do discruso de inauguração...
Em vez de expôr as conclusões às quais tenho chegado, partilho outras citações do livro 'Primeiros Escritos' de Ellen White, páginas 264 e 165, sobre Thomas Paine, como forma de percebermos e comprovar a mente que esteve por trás deste homem.
'Não importa quem Satanás faz falar, desde que seu objectivo seja alcançado. Ele esteve tão intimamente ligado a Paine na Terra, ajudando-o em seu trabalho, que lhe é coisa fácil saber as próprias palavras que Paine usou e até mesmo a caligrafia de quem o servira tão fielmente e tão bem cumprira o seu propósito.'
E, finalmente, o remover de qualquer dúvida na inspiração...
'Satanás ditou muitos dos escritos de Paine, e coisa fácil é agora para ele, por intermédio de seus anjos, ditar seus próprios sentimentos e fazer parecer que estes vieram de Thomas Paine.'
Na primeira oportunidade que teve de se dirigir à América e ao planeta como o líder da grande nação mundial, Barack Obama usou mais as palavras de Thomas Paine do que as de Deus... Ou será que, afinal, não eram mesmo de Thomas Paine?
Fonte ( NistoCremos )
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