Sérgio Azevedo fala sobre Mutirão de Natal para Portal da Educação

Postado por IASD CARMARY / sexta-feira, dezembro 03, 2010 0 comentários

Tatuí, SP ... [ASN] Dados recentes da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) revelam que, cerca de 1 bilhão de pessoas passam fome no mundo. De acordo com a entidade, este é o maior número desde 1970. O aumento do contingente de pessoas que não têm o suficiente para comer está concentrado nos países em desenvolvimento. No Brasil, 7,5 milhões de pessoas têm renda inferior a um dólar por dia, mesmo com políticas públicas para reduzir esse número, ainda há muito a ser feito.

Pensando nisso, a Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (ADRA), desde 1994 realiza o Mutirão de Natal – um projeto que nasceu a partir da ideia de membros leigos e que, aos poucos, foi tomando amplitude a ponto de se espalhar pela América do Sul. Entre as instituições que apóiam essa iniciativa, está as Escolas Adventistas de todo Brasil que, por meio de estudantes e educadores, mobilizam a comunidade escolar a participar do ato solidário, que visa a arrecadação de alimentos e agasalhos e a realização de ações de desenvolvimento comunitário. De 2004 até 2008, foram mais de 4 mil toneladas arrecadas. Só no ano passado, mais de cinco mil toneladas de alimentos beneficiaram milhares de pessoas.
O empresário e comunicador Sérgio Azevedo e sua esposa, Marli Azevedo, foram os idealizadores do Mutirão de Natal. No início, ele não imaginava que a campanha encabeçada por uma gincana da Igreja Adventista do Sétimo Dia de Botafogo, na cidade de Rio de Janeiro, fosse ganhar tamanha amplitude e destaque.
O nome da campanha é alusivo ao período em que normalmente são entregues as doações, apesar de não se restringir apenas à época do Natal. Desde que surgiu, o Mutirão de Natal recebeu credibilidade entre os cariocas. Em 2005, um grupo de alunos da Fundação Getúlio Vargas (FGV) da cidade do Rio de Janeiro realizou um trabalho de mestrado sobre o projeto.
Desde o ano passado, a Rede Globo de Televisão apoia a campanha. “Além de dar o espaço, é um aval de qualidade. Entre milhares de projetos, eles escolhem dois ou três para apoiar, o Mutirão de Natal é um deles”, disse Sérgio Azevedo. Assista ao vídeo no final desta entrevista.
Confira a seguir a entrevista realizada com Sérgio Azevedo que conta como surgiu o Mutirão de Natal e como se espalhou pela América do Sul.

Como surgiu a ideia do Mutirão de Natal?
Em dezembro de 1994, algumas semanas antes do Natal, o pessoal do departamento local da Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (ADRA) da Igreja Adventista do Botafogo, na cidade do Rio de Janeiro, estava praticamente com as prateleiras vazias, sem alimento para doação. A Marli, minha esposa, havia assumido a direção do departamento, e ela estava apavorada porque não tinha mantimento para montar as cestas que seriam doadas aos necessitados que estavam cadastrados naquele ano. Normalmente, a igreja do Botafogo preparava entre 500 a 550 quilos de cestas para os necessitados, mas naquele ano não tinha quase nada. Numa sexta-feira à noite, em casa, durante o jantar, surgiu a ideia de promover uma gincana que mobilizasse os membros a doarem. Pedi à minha esposa que entrasse em contato com o pastor e com a liderança da igreja, enquanto eu planejava como seriam as atividades.

Inicialmente, como foi a participação das pessoas?

Dividi a igreja em três grandes grupos, a partir das letras iniciais do nome das pessoas. Com essa divisão, praticamente todos participaram. Aqueles “clubes do bolinha” meio que acabaram. Se não dividíssemos dessa maneira, talvez o projeto não tivesse o sucesso que teve. Passamos as tarefas: eu pedi 500 quilos de alimentos para cada equipe, só que eu coloquei uma cláusula no projeto: a cada tonelada a mais que a equipe conseguisse arrecadar, ganharia um ponto extra. Isso deu um gás tremendo, porque tinham que arrecadar tudo em uma semana. O primeiro Mutirão de Natal, da concepção ao fechamento, começou na sexta-feira à noite, foi lançado no sábado seguinte, e durou uma semana. Resultado: arrecadamos 54 toneladas de alimentos. Na média histórica da igreja do Botafogo, levaríamos 108 anos para arrecadar a mesma quantidade. As pessoas ficaram maravilhadas, era tanto quilo, tanto material, não havia nem lugar para colocar. Abastecemos todas as igrejas pobres do Estado do Rio de Janeiro, e ainda sobrou para o estoque da ADRA local. Deus nos abençoou muito. A igreja se movimentou, não só em alimento, mas na fé também.

O senhor imaginava que o Mutirão de Natal teria tamanha amplitude?
De início não, o projeto funcionava quando os leigos se disponibilizavam a realizar. Nada era imposto, ou obrigatório. Começamos a acreditar que era um projeto grandioso no início de 2000. Muitas igrejas queriam realizar o Mutirão de Natal e a mídia começou a divulgar. Muitos lugares começaram a pedir as orientações de como realizar o projeto.

Qual a mensagem que o senhor deixa para os que participaram e também para aqueles que não participaram?
Primeiramente quero fazer alguns agradecimentos: à FGV do Rio de Janeiro que reconheceu em 2005 um grupo de alunos que fez um trabalho de mestrado. Eles ficaram cerca de nove meses estudando o Mutirão. O título do trabalho foi: Projeto Mutirão de Natal – um estudo sobre a gestão do projeto. Foi muito útil, a gente ganhou várias sugestões para amplificar o projeto; quero agradecer a mídia, aos jogadores e empresários que, voluntariamente, emprestaram a imagem pessoal, e também à Rede Globo de Televisão, porque desde o ano passado ela apoia o projeto. Além de dar o espaço, é um aval de qualidade. Entre milhares de projetos, eles escolhem dois ou três para apoiar, o Mutirão de Natal é um deles. Quem nunca participou, procure uma Igreja Adventista e participe de alguma maneira, doando ou ajudando na entrega. Se a pessoa está impossibilitada de ajudar, pode orar pelo projeto para que continue crescendo. Hoje o Mutirão não arrecada apenas alimentos, também arrecada roupas, livros, sapatos, brinquedos e, também, desenvolve projetos sociais.

Encerramento nacional do Mutirão de Natal

No dia 18 de dezembro será realizado, no Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp) campus Engenheiro Coelho, a grande celebração de encerramento do Mutirão de Natal 2010. Na ocasião serão apresentados os resultados da campanha.

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